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sábado, março 16, 2024

Atentado na Nova Zelândia é novo alerta para crescimento global da xenofobia

Em diferentes formatos e idiomas, as ideias do terrorista são compartilhadas – e executadas – tanto em ambientes online como na vida real

Por Rodrigo Veronezi
Em São Paulo (SP)

O atentado terrorista contra duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, se insere em um contexto maior. É mais um exemplo do crescimento da xenofobia mundo afora e um novo alerta de que algo precisa ser feito para combater esse ciclo de ódio contra o outro.

O australiano Brenton Tarrant, um dos autores do ataque terrorista e que filmou parte da ação – as imagens foram removidas das redes sociais -, se descreve em manifesto como “um homem branco comum”, de “sangue europeu”, “etnonacionalista” e “fascista”. Com seu ato, quis, segundo ele, “mostrar aos invasores que nossas terras nunca serão as terras deles, enquanto um homem branco viver”.

Em diferentes formatos e idiomas, as ideias do terrorista são compartilhadas tanto em fóruns de discussão na chamada “deep web” como em redes sociais comuns e em manifestações offline – xingamentos, piadas, pichações… E claro, suas manifestações extremas também estão sujeitas a serem colocadas em prática por algum seguidor.

Tais ideias encontram eco em líderes políticos que aproveitam o ódio contra um determinado grupo (ou vários ao mesmo tempo) como filão eleitoral – e por consequência, como ferramenta de chegada e manutenção no poder: Trump nos Estados Unidos, Netanyahu em Israel, Orbán na Hungria, Marine Le Pen na França, Jair Bolsonaro no Brasil, só para ficar em alguns poucos exemplos.

Políticas como essa alimentam o ódio que move globalmente ataques terroristas como os de Christchurch (Nova Zelândia), Utoya (Noruega) e Quebéc (Canadá), apenas para ficar nos mais recentes. Todos foram realizados por indivíduos de extrema-direita e islamofóbicos e custaram centenas de vidas.

Não é demais lembrar que parte dos líderes mundiais que condenaram o ataque também foram contra o Pacto Global para a Migração, que também é criticado pelo terrorista australiano – casos de EUA, Israel, Itália, Austrália e Brasil.

Em artigo para o jornal britânico The Guardian, a psicóloga Masuma Rahim é enfática: não bastam as lamentações. “Atrocidades como essa acontecerão novamente, enquanto a mídia e os políticos criarem um clima em que ideias de extrema-direita podem florescer”, resume.

A polícia neozelandesa pediu para o público não compartilhar as imagens publicadas online pelo atirador. O Facebook informou também que derrubou as contas do atirador na rede social e no Instagram, que continham afirmações racistas e anti-imigrantes.

É um começo. Mas o novo caso mostra que é preciso ir além do ponto de partida. Seja no simples ato de usar a internet, seja em uma política pública local ou global, seja na abordagem da mídia.

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