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quarta-feira, março 27, 2024

Festival Pangeia vai levar cultura de migrantes da América do Sul para a periferia de São Paulo

Por Rodrigo Borges Delfim

O bairro do Grajaú, na zona sul de São Paulo, vai virar uma síntese cultural da América do Sul. Entre os dias 18 e 30 de outubro acontece na região a primeira edição do Festival Cultural Pangeia, que contará com atividades de grupos culturais e artistas brasileiros e imigrantes de países sul-americanos que vivem na capital paulista.

As atividades acontecem no Centro Cultural Grajaú, localizado no Parque América – veja mais no serviço ao final do texto. O projeto, que conta com apoio do Programa VAI, foi idealizado pela produtora cultural Pauliana Reis, moradora do Grajaú, depois de experiências pessoais que teve pela América do Sul. Também fazem parte do Pangeia mais três pessoas: as brasileiras Renata Rodrigues, Thamara Lage, Priscila Magalhães e a boliviana Monica Rodriguez, que também integra a ONG Presença de América Latina, parceira cultural do projeto.

O nome Pangeia é uma referência à primeira formação do Planeta Terra, onde não havia divisão dos continentes como conhecemos hoje. É também uma forma de pregar a superação de fronteiras, de barreiras que desagregam.

Em entrevista ao MigraMundo, Pauliana fala um pouco mais sobre a iniciativa e de como ele vem se desenvolvendo. A programação está disponível na página do Pangeia no Facebook.

MigraMundo: De onde surgiu a ideia do festival e por que o nome Pangeia para a ação?
Pauliana Reis: Estudei espanhol por um bom tempo, isso já faz muito tempo, mas ficou na minha memória, me instigou a pesquisar e querer conhecer mais dos países da América Latina, principalmente aqueles que tinham como língua principal o espanhol. Assim, quando consegui juntar dinheiro e me preparar, fiz uma viagem para a Argentina e Chile onde fiquei ainda mais encantada com a cultura desses países, e me fez querer pesquisar mais. Observando e tendo contato com imigrantes desses países aqui no Brasil, senti vontade de externar isso e falar um pouco mais sobre as influências de vários países aqui na nossa cultura.

Assim surgiu a primeira ideia de fazer um evento cultural com essa temática. No coletivo os integrantes também partilhavam da mesma vontade. Inicialmente não tínhamos imigrantes no coletivo, agora com a idealização do projeto temos na produção e na equipe a querida Mônica Rodriguez, ela é boliviana e atua como articuladora de várias ações culturais aqui no Brasil. Isso foi imprescindível para dar vida as ideias iniciais do projeto e promover o evento que tanto queríamos fazer, o Festival Cultural Pangeia.

O nome Pangeia se refere a primeira formação da terra, onde não havia essa divisão dos continentes como conhecemos hoje. A proposta de reunir as culturas dos povos de diferentes nações está ligada a essa ideia de junção, assim, pensando na cultura do nosso pais, o Brasil, podemos perceber que somos essa junção, essa mistura de culturas, essa composição que vem de varias nações. Assim, idealizando um lugar onde essa junção pode acontecer, principalmente culturalmente, pensamos em propor a realização desse festival.

 

Quem são as pessoas envolvidas na organização do festival?
No coletivo temos os integrantes: Pauliana Reis – Diretora do Festival; Mônica Rodriguez – Produtora Geral; Thamara Lage – Produtora e Curadora da exposição; Renata Rodrigues – Produtora; e Priscila Magalhães – Assessoria de Imprensa e Produtora. Para os dias de festival teremos um apoio de uma equipe de mais 8 produtores que irão atuar na linha de frente da produção e auxiliando em todas as ações práticas do festival.

 

Vocês têm uma estimativa do público esperado para o festival?
Não temos uma estimativa precisa para o festival, mas posso arriscar dizer que pretendemos atingir um publico de no minimo 2 mil pessoas transitando nos dias de festival.

 

Vocês têm algum projeto ou iniciativa que serviu de inspiração?
Temos varias inspirações e com certeza deve haver alguma ligação que nos direcionou nas tomadas de decisões para realização do Festival Cultural Pangeia.

 

Vocês já desenvolveram algum projeto anterior relacionado com migrantes? Se sim, como foi?
Ainda não desenvolvemos projetos relacionados a imigrantes, alias, esse é o primeiro projeto do nosso jovem coletivo.

 

O Festival Pangeia conta com recursos do Programa VAI, da Secretaria de Cultura da Prefeitura de São Paulo, que é procurado por muitos coletivos culturais com poucos recursos. Como foi esse processo em relação ao Pangeia? Vocês contam com outras fontes de recursos para organizar o evento?
Somos exatamente um desses coletivos, temos poucos recursos. Contamos somente com patrocínio do VAI. Como apoio cultural contamos com o PAL – Presença da América Latina que tem dado muito suporte relacionado a organização, contatos, informações que auxiliam muito para a realização do festival.

 

Por que o recorte pela cultura e pelos imigrantes da América do Sul?
Projetos culturais com certeza são os projetos que gostamos e sempre que podemos estamos auxiliando e promovendo. A ideia de focar nessa edição na América do Sul surgiu a partir de alguns anseios e ideias (VIDE: resposta da primeira pergunta). Um recorte importante é levar a cultura tradicional desses países, inclusive a cultura popular brasileira para a periferia, para o Grajaú, pois não temos acesso a festas, festivais e eventos com esse recorte em nossa região.

 

Já há algumas atrações culturais confirmadas no Pangeia, como os conjuntos folclóricos QuinchamaLi e Alma Guarani, entre outros artistas. Como tem sido o contato com eles e a reação em relação à proposta do festival?
Tem sido incrível! Visitamos e pudemos conhecer de perto quase todas as atrações que fará parte da nossa programação. Os grupos citados, QuincamaLi e Alma Guarani, foram em especial muito atenciosos e com certeza será de grande importância a participação deles no nosso festival. Além de assistir diversas apresentações em festas e eventos voltados para a mesma temática, tivemos apoio de muitas pessoas queridas que nos auxiliaram nessa curadoria.

 

As atividades vão acontecer no bairro do Grajaú, aqui em São Paulo. Já há algum tipo de divulgação na região? Como tem sido o retorno da comunidade local sobre o projeto?
O Grajaú é o lugar onde a maioria dos integrantes do coletivo vivem. Temos amigos, raízes, histórias nesse local, já fizemos uma boa divulgação e ainda continuamos fazendo, principalmente em parceria com o local que vai nos receber que é o Centro Cultural Grajaú, bem localizado, em um lugar que é ponto de encontro no Grajaú. A comunidade tem sido muito acolhedora, estamos em casa, então fica mais fácil desenvolver qualquer tipo de divulgação por aqui.

 

Que tipo de legado o Festival Pangeia pretende deixar para o público que acompanhar o evento?Pretendemos deixar informações, troca de experiências, vivências dentro desse universo, da troca com brasileiros e imigrantes, deixando cada vez mais claro que somos todos parte de uma mesma cultura, miscigenada, composta por pessoas de diversas nacionalidades, fazendo esse nosso Brasil ser ainda mais lindo! Pretendemos deixar a mensagem primordial que direciona a ideia do projeto, que é o respeito, devemos nos unir assim como sugere o nome Pangeia, ser um só e deixar as diferenças de lado.

 

Depois da edição sul-americana, vocês cogitam organizar novas edições?
Sim, essa edição, como se tratava de um primeiro momento optamos por focar somente na América do Sul, mas a proposta é realizar edições focadas nos continentes.
Festival Cultural Pangeia – América do Sul
Data: de 18 a 31 de outubro – início no dia 18, a partir das 18h
Local: Centro Cultural Grajaú – Rua Professor Oscar Barreto Filho, 252 – Grajaú, São Paulo (SP)
Entrada: grátis
Informações e programação: página no Facebook e [email protected]

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