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sexta-feira, abril 19, 2024

Mensagem do IMDH para o Dia Mundial do Refugiado e Semana Nacional do Migrante 2015

O Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), juntamente com o Setor Mobilidade Humana da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dirigem-se aos leitores desta página, aos amigos e amigas dos Refugiados e dos Migrantes, com algumas palavras de reflexão:

“São tantos os gritos e as dores dos que fogem da guerra civil na Síria, de milhares de migrantes e refugiados – de países africanos, do oriente médio e de tantos países – que perderam pessoas queridas tragadas pelas águas do Mar Mediterrâneo, na tentativa de chegar à Europa. Intolerâncias religiosas, étnicas e outras formas de rechaço, discriminação e de vulnerabilidade social expõem milhões de pessoas a condições de extremo sofrimento, de abandono, de morte em alto mar, em desertos, em caminhos à busca simples da sobrevivência. É fácil fechar os olhos ou adotar uma atitude de indiferença! Algumas vezes, dizemos: O que podemos fazer se somos poucos, se não temos poder político ou econômico?

Celebrar o dia dos migrantes e dos refugiados é um desafio diante deste cenário internacional, e mesmo no Brasil, onde crescem resistências aos haitianos, aos senegaleses, aos ganeses, aos congoleses e a tantos outros que continuam a chegar ao nosso País. As dificuldades ou crise econômica e política, às vezes como escusa, levam a questionamentos no que tange ao acolhimento e proteção destas pessoas em mobilidade humana.

Celebrar é dizer não às violências, é romper o silêncio e contribuir para que o grito das vítimas seja ouvido. Que suas palavras fundamentem políticas de acolhimento, de solução dos conflitos, de reafirmação da dignidade humana acima das fronteiras e dos interesses presentes na globalização da indiferença ou mesmo dos medos infundados de que o outro seja um concorrente ou uma ameaça. Para que este “dizer não às violências” seja verdadeiramente profecia é preciso seguir de perto o que nos propõe o profeta Isaías (41,10):

  • Independente de quão grave esteja a situação e os riscos pelos quais estão passando migrantes e refugiados, há sempre uma certeza – o Senhor está conosco e nos diz ‘não tenhas medo’. O medo paralisa e muitas vezes nos impede de ver alternativas, grupos de apoio e solidariedade, mãos amigas e fraternas. Não tenhamos medo!
  • É Deus quem nos dá a coragem para persistir quando ‘tudo’ à nossa volta parece nos levar à derrota. Deus se faz presente quando transformamos a boa vontade e nossa fé em ações efetivas de proteção à vida humana, sem preconceitos ou barreiras de qualquer ordem. A ‘AJUDA’ é gesto concreto que viabiliza políticas, articula espaços de acolhimento, gera solidariedade, dinamiza a criatividade na busca de soluções do que for emergencial e do permanente, contribui para a continuidade de tradições e percursos identitários.

 

Enfim, celebramos por acreditarmos que, juntos, estamos tecendo uma rede de solidariedade cujos fios estão presentes por todo o Brasil, nas várias organizações, serviços e pastorais voltadas para o povo em mobilidade humana.  São sinais, formas de presença, ações, exemplos de doação que apontam e nos conduzem ao sonho de uma terra sem males, onde todos possam viver com dignidade, como filhos e filhas de Deus.”

Refugiados no Mundo:

Em 2014, mais do que nunca, é preocupante o aumento de Refugiados no mundo: são quase 60 milhões de pessoas forçadas a deixar suas casas, sua terra, seus bens, para buscar proteção em diferentes países do mundo. As populações de refugiados estão espalhadas por todo mundo, sendo elas majoritariamente da África e do Oriente Médio.

Muitos apelos têm sido dirigidos à humanidade, às Nações, à sociedade, a cada um e cada uma de nós, no sentido de abrir-nos à solidariedade para minimizar os sofrimentos destes milhões de pessoas, refletindo e pondo em prática iniciativas de efetiva acolhida humanitária a quantos não tem alternativa senão buscar abrigo, sustento, proteção em terras e países solidários e hospitaleiros. Assim fala Papa Francisco: “No sacrário da consciência, adverte-se o apelo a tocar a miséria humana e pôr em prática o mandamento do amor que Jesus nos deixou, quando Se identificou com o estrangeiro, com quem sofre, com todas as vítimas inocentes da violência e exploração. A coragem da fé, da esperança e da caridade permite reduzir as distâncias que nos separam dos dramas humanos. Jesus Cristo está sempre à espera de ser reconhecido nos migrantes e refugiados, nos deslocados e exilados e, assim mesmo, chama-nos a partilhar os recursos e por vezes a renunciar em favor dos outros a algo do nosso bem-estar adquirido.”

Refugiados no Brasil e a ação do IMDH

No Brasil, há aproximadamente 7.700 refugiados, de mais de 80 diferentes nacionalidades. Os países com maior número, segundo informação do CONARE, são: Síria: 1739; Angola: 1701; Colômbia: 834; RDC (Congo): 799; Líbano: 393; Libéria: 258; Iraque: 235; Palestina: 219; Bolívia: 145; Serra Leoa: 137.

O Instituto Migrações e Direitos humanos se dedica à acolhida, assistência e integração de refugiados e imigrantes. Além de seus cinco funcionários, conta com apoiadores, voluntários, estudantes, enfim, tantas pessoas generosas e dedicadas que ajudam a realizar a missão de acolher a todos os refugiados e imigrantes que chegam ao Distrito Federal, assim como, no âmbito de suas possiblidades, aos que chegam a outros Estados onde atua a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados.

Nos últimos anos, o aumento das solicitações de Refúgio e Refugiados que o IMDH recebeu representou um grande desafio. Se em 2010 foram atendidos no IMDH apenas 155 refugiados, em 2014, este número passou a 1.591 pessoas, considerando solicitantes de refúgio e as já consideradas refugiadas.

Que esta mensagem leve a todos e todas o alento da esperança de sempre mais encontrarmos motivações e forças para continuar a estender nossos braços para uma acolhida fraterna a todos os refugiados e migrantes que acorrem ao nosso País, à nossa região, à nossa cidade, à nossa solidariedade em busca do alento e da acolhida que as mazelas, guerras, perseguições e violência forçaram a migrar.

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